ESSÊNCIA E O FENÔMENO;
O FENÔMENO
AUTÊNTICO E O FENÔMENO FALSO
Nakamura – Estou me empenhando para transmitir aos meus conhecidos a verdade pregada pela Seicho-No-Ie, mas nem sempre consigo dar respostas convincentes às perguntas com que me contra-atacam.
Dentre
as perguntas destaca-se em primeiro lugar a seguinte:
“Por que Deus não Se
limitou a criar somente criaturas boas e criou também as más?”.
A segunda pergunta é: “O amor de Deus deveria
ser imparcial. No entanto, a existência de ricos e pobres não é prova de que
Deus é injusto na distribuição de Suas dádivas?”.
A terceira pergunta é: “Se
a Seicho-No-Ie prega que a riqueza vem infinitamente de Deus, por que ainda não
surgiram muitos bilionários entre seus adeptos?”. Quanto à cura de doenças pela
prática da Meditação Shinsokan, a revista Seicho-No-Ie traz fartos depoimentos
de pessoas que receberam tal graça, e eu me incluo entre as que já tiveram
experiência nesse sentido. Mas, quanto à obtenção de riqueza, parece-me que são
poucos os adeptos que receberam esse tipo de graça. Naturalmente, quem faz a
última pergunta quer acreditar em Deus em troca de benefícios materiais quando,
na verdade, as graças materiais são consequência da crença em Deus e do
aprimoramento espiritual. Acho impura a fé de quem coloca a recompensa em
primeiro plano, mas gostaria que o senhor desse uma resposta acessível às
pessoas que se encontram nesse estágio.
Taniguchi – A primeira pergunta denota que a pessoa está confundindo o mundo fenomênico com o mundo criado por Deus. Aquele que ler todos os volumes da coleção A Verdade da Vida poderá compreender que Deus jamais criou nada mau. “Criatura má não existe porque Deus não a criou” – este é um dos pensamentos básicos da Seicho-No-Ie. Logo, é fora de propósito perguntar justamente à Seicho-No-Ie “por que Deus criou pessoas más”. Então poderá surgir a pergunta: “Se Deus não criou pessoas más, por que há tantas delas neste mundo?”. A resposta é esta: “Deus não criou o ser humano mau, mas a mente humana cria esse falso ser, manifesta-o no mundo fenomênico e faz com que ele pareça existir. Portanto, o ser humano mau não existe na verdade. Todos os seres humanos são bons na Essência. Entretanto, alguns não conscientizam sua Essência, que é bondade, e se consideram maus; esse pensamento é que se projeta no mundo fenomênico, fazendo parecer que existem maus elementos.
Taniguchi – A primeira pergunta denota que a pessoa está confundindo o mundo fenomênico com o mundo criado por Deus. Aquele que ler todos os volumes da coleção A Verdade da Vida poderá compreender que Deus jamais criou nada mau. “Criatura má não existe porque Deus não a criou” – este é um dos pensamentos básicos da Seicho-No-Ie. Logo, é fora de propósito perguntar justamente à Seicho-No-Ie “por que Deus criou pessoas más”. Então poderá surgir a pergunta: “Se Deus não criou pessoas más, por que há tantas delas neste mundo?”. A resposta é esta: “Deus não criou o ser humano mau, mas a mente humana cria esse falso ser, manifesta-o no mundo fenomênico e faz com que ele pareça existir. Portanto, o ser humano mau não existe na verdade. Todos os seres humanos são bons na Essência. Entretanto, alguns não conscientizam sua Essência, que é bondade, e se consideram maus; esse pensamento é que se projeta no mundo fenomênico, fazendo parecer que existem maus elementos.
Alguns teorizam
que o fenômeno é manifestação ou extensão da Essência, que a Essência se
compara ao oceano e o fenômeno às ondas que se formam na superfície do oceano e
que, portanto, todo e qualquer tipo de fenômeno é manifestação da Essência. Mas
isso não é verdade.
Devemos
distinguir fenômenos “autênticos” e “falsos”.
Os “fenômenos
autênticos” são imagens projetadas do mundo da Essência para dentro dos moldes
e limites do mundo fenomênico, enquanto que os “fenômenos falsos” são
manifestações da mente em ilusão. Os “fenômenos autênticos” são
expressões fiéis das imagens perfeitas do mundo da Essência, portanto, sua
existência tem fundamento sólido.
Os “fenômenos
falsos”, porém, sendo manifestações da mente em ilusão, não têm fundamento algum;
tal qual miragem, eles não existem verdadeiramente. O “homem mau” sobre o qual
perguntou o senhor, é uma falsa criação dessa mente em ilusão, portanto, embora
pareça existir, não é existência verdadeira; é um “homem irreal” completamente
diferente do homem verdadeiro, que existe verdadeiramente.
A teoria de que
todos os fenômenos são existências reais chama-se realismo ingênuo. Se
estudarmos a história da filosofia, constataremos que os primitivos e os
silvícolas tinham essa concepção. A teoria de que os fenômenos são criações de
Deus foi adotada desde a Antiguidade até hoje por muitos religiosos e filósofos
espiritualistas. Entretanto, se aceitássemos essa teoria, teríamos de aceitar
também os fenômenos imperfeitos como obras de Deus, e isso nos levaria a pensar
que Deus é um ser imperfeito e incapaz, e sermos filhos de Deus significaria
sermos criaturas imperfeitas, uma conclusão nada agradável. É por isso que
Schopenhauer, apesar de ver o mundo como “criação de uma única e vasta
Vontade”, entregou-se ao pessimismo. Portanto, como já disse, é preciso
distinguir o “fenômeno falso”, imperfeito, do fenômeno autêntico, perfeito.
Isto
compreendido, fica respondida também a segunda pergunta:
“Por que Deus criou ricos e pobres?”. Segundo
a Seicho-No-Ie, todo homem é filho de Deus e foi criado por Ele como um ser
infinitamente rico, de modo que não existe um pobre sequer. Tanto os mendigos
que perambulam pelas ruas pedindo esmola, como os ricaços que vivem comodamente
em seus palacetes, ambos são herdeiros de Deus, que é dono da riqueza infinita;
portanto, na Essência, todos são infinitamente ricos, não existindo diferença
alguma entre mendigos e ricaços.
Mas, então, por
que no aspecto fenomênico os mendigos e os ricaços se apresentam de forma tão
contrastante? Porque no mundo fenomênico cada um projeta sua mente: manifesta
imagem de riqueza infinita como projeção da mente sintonizada com a Essência,
ou manifesta imagem de pobreza como projeção da mente em ilusão, dessintonizada
com a Essência. Concluindo, podemos estar ricos ou pobres conforme a nossa
mente.
E finalmente
chegamos à sua terceira pergunta. Como faz anos que a Seicho-No-Ie vem
propagando a Verdade de que “o homem é filho de Deus e infinitamente rico na
Essência”, é natural pensarem que já é tempo de surgirem pessoas infinitamente
ricas para comprovar essa Verdade. Entretanto, é preciso compreender que
“pessoa infinitamente rica” não significa um “bilionário possuidor de uma
fortuna determinada”. Mesmo um bilionário não passa de um pobretão, quando comparado
a uma “pessoa infinitamente rica”.
Ser
infinitamente rico não significa possuir uma fortuna limitada que possa ser
calculada em bilhões ou trilhões de dólares. “Pessoa infinitamente rica” é
aquela a quem a riqueza flui em quantidade necessária na medida do necessário e
se reduz automaticamente quando não é necessária.
Em outras
palavras, rico é aquele que, sem avareza, possui riqueza “nula” e ao mesmo
tempo “infinita”, que aumenta ou diminui livremente em harmonia com a
necessidade.
Compreendendo
isso, o senhor compreenderá também que “ser infinitamente rico” não é ser um
ricaço que concentra a riqueza de modo a provocar má distribuição de bens, o
que constitui um câncer no mundo econômico.
Para dizer a
verdade, os ricaços mesquinhos são dominados pela ideia de que “a riqueza
diminui se for usada”, e por isso acumulam dinheiro e bens materiais com
avareza, mesmo acusados de exploradores. A riqueza obtida dessa forma é
concretização de uma “ilusão” ao invés de manifestação da “riqueza infinita do
mundo da Essência”. Portanto, também é fora de propósito perguntar por que os
conhecedores da Essência não conseguem enriquecer como tais ricaços.
Entre os
adeptos da Seicho-No-Ie, há “pessoas infinitamente ricas” que atraem
naturalmente para si tudo de que precisam na medida do necessário. Podemos
citar, por exemplo, o sr. Hiroshi Fukushima, da província de Gumma. Ele esteve
enfermo durante três anos e encontrava-se em situação financeira tão precária
que não podia comprar sequer uma pasta de dentes. Entretanto, curou-se
completamente após ler os ensinamentos da Seicho-No-Ie.
Pensou então em
construir uma academia de aprimoramento espiritual. Imediatamente, surgiram
pessoas oferecendo gratuitamente terreno, materiais de construção, mão-de-obra
e até a mobília. Um pedreiro se ofereceu para cuidar da manutenção ou das
reformas do prédio dessa academia, que ainda nem estava construído. O sr.
Fukushima não possui posse alguma, mas tudo que deseja lhe chega às mãos
automaticamente. Quando precisa sair de casa, até a chuva cessa e o tempo
melhora.
Os moradores da
redondeza até comentam que o sr. Fukushima é protegido pela divindade da
montanha Akagui. Um milionário, por mais dinheiro que tenha, não pode criar um
aparelho que controle as intempéries. Entretanto, o sr. Fukushima, apesar de
nada possuir, conta sempre com o tempo bom quando necessário, proeza esta que
milionário algum consegue. Isto é que é ser infinitamente rico. Mesmo tendo à
mão muito dinheiro, de nada adiantará se não puder conseguir o que é
necessário.
Aquele que,
apesar de estar desprovido de dinheiro, recebe tudo que lhe é necessário no
momento preciso e o usa melhor que uma pessoa que tem muito dinheiro, pode ser
considerado mais rico do que um bilionário.
“Provisão
ilimitada” significa provisão infinita de tudo e todos os sentidos. Aquele que
tem uma grande soma de dinheiro mas não tem liberdade nem conforto em outros
aspectos, não é uma pessoa “infinitamente rica”.