HINDUÍSMO
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Num sentido mais abrangente, o hinduísmo engloba o bramanismo, a crença na "Alma Universal", Brâman; num sentido mais específico, o termo se refere ao mundo cultural e religioso, ordenado por castas, da Índia pós-budista.[3] Entre as suas raízes está a religião védica da Idade do Ferro na Índia e, como tal, o hinduísmo é citado frequentemente como a "religião mais antiga",[4] a "mais antiga tradição viva"[5] ou a "mais antiga das principais tradições existentes".[6][7][8] É formado por diferentes tradições e composto por diversos tipos, e não possui um fundador.[9] Estes tipos, sub-tradições e denominações, quando somadas, fazem do hinduísmo a terceira maior religião, depois do cristianismo e do islamismo, com aproximadamente um bilhão de fiéis, dos quais cerca de 905 milhões vivem na Índia e no Nepal.[10] Outros países com populações significativas de hinduístas são Bangladesh, Sri Lanka, Paquistão, Malásia, Singapura, ilhas Maurício, Fiji, Suriname, Guiana, Trinidad e Tobago, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.
O vasto corpo de escrituras do hinduísmo se divide em shruti ("revelado") e smriti ("lembrado"). Estas escrituras discutem a teologia, filosofia e a mitologia hinduísta, e fornecem informações sobre a prática do dharma (vida religiosa). Entre estes textos os Vedas e os Upanixades possuem a primazia na autoridade, importância e antiguidade. Outras escrituras importantes são os Tantras, os Ágamas, sectários, e os Puranas (AFI: [Purāṇas]), além dos épicos Maabárata (AFI: [Mahābhārata]) e Ramáiana (AFI: [Rāmāyaṇa]). O Bagavadguitá (AFI: [Bhagavad Gītā]), um tratado do Maabárata, narrado pelo deus Críxena (Krishna), costuma ser definido como um sumário dos ensinamentos espirituais dos Vedas.[11]
Os hindus acreditam num espírito supremo cósmico, que é adorado de muitas formas, representado por divindades individuais. O hinduísmo é centrado sobre uma variedade de práticas que são vistos como meios de ajudar o indivíduo a experimentar a divindade que está em todas as partes, e realizar a verdadeira natureza de seu Ser.
A teologia hinduísta se fundamenta no culto aos avatares (manifestações corporais) da divindade suprema, Brâman. Particular destaque é dado à Trimurti - uma trindade constituída por Brama (Brahma), Xiva (Shiva) e Vixnu (Vishnu). Tradicionalmente o culto direto aos membros da Trimurti é relativamente raro - em vez disso, costumam-se cultuar avatares mais específicos e mais próximos da realidade cultural e psicológica dos praticantes, como por exemplo Críxena (Krishna), avatar de Vixnu e personagem central do Bagavadguitá.
Os hindus cultuam cerca de 330 mil divindades diferentes.[12]
Etimologia
Divisões
O hinduísmo pode ser subdividido em diversas correntes principais. Dos seis
darshanas ou divisões históricas originais, apenas duas
escolas, a
vedanta e a
ioga, sobrevivem. As principais divisões do hinduísmo hoje em dia são o
vixnuísmo, o
xivaísmo, o
smartismo e
shaktismo. A imensa maioria dos hindus atuais podem ser categorizados sob um destes quatro grupos, embora ainda existam outros, cujas denominações e filiações variam imensamente.
Alguns estudiosos dividem as correntes do hinduísmo moderno em seus "tipos":
[17]
Definições
O hinduísmo não tem um "sistema unificado de crenças, codificado numa declaração de fé ou um
credo",
[18] mas sim é um termo abrangente, que engloba a pluralidade de fenômenos religiosos que se originaram e são baseados nas
tradições vêdicas.
[19][20][21][22]
A característica da tolerância compreensiva às diferenças de credo e a abertura dogmática do hinduísmo o torna difícil de ser definido como uma religião de acordo com o conceito ocidental tradicional.
[24] Embora o hinduísmo seja um conceito prático claro para a maior parte de seus seguidores,
[carece de fontes] muitos manifestam algum tipo de problema ao tentar chegar a uma definição do termo, principalmente devido à ampla gama de tradições e ideias incorporadas ou cobertas por ele.
[18] Embora seja descrito como uma religião, o hinduísmo costuma ser definido com mais frequência como uma 'tradição religiosa'.
[1] É descrito como a mais antiga das religiões mundiais, e mais diversa em tradições religiosas.
[5][25][26][27]
A maior parte das
tradições hindus reverenciam um corpo de
literatura sagrada ou religiosa, os
Vedas, embora existem exceções; algumas tradições religiosas acreditam que certos rituais específicos sejam essenciais para a salvação, mas diversos pontos de vista sobre o assunto podem coexistir. Algumas
filosofias hindus postulam uma
ontologia teística da criação, sustento e destruição do
universo, enquanto outros hindus são
ateus. O hinduísmo por vezes é caracterizado pela crença na
reencarnação (
samsara), determinada pela lei do
karma (
karma), e que a salvação é a liberdade deste ciclo de sucessivos nascimentos e mortes; outras religiões da região, no entanto, como o
budismo e o
jainismo, também acreditam nisto, mesmo estando fora do escopo do hinduísmo.
[18] O hinduísmo é visto como a mais complexa de todas as religiões históricas vivas do mundo,
[28] porém a despeito desta complexidade é não apenas numericamente a maior delas, como também a mais antiga tradição em existência na
Terra, com raízes que se estendem até a
pré-história.
[29]
Uma definição do hinduísmo dada pelo primeiro vice-presidente da
Índia, o reputado
teólogo Sarvepalli Radhakrishnan, diz que ele não é "apenas uma fé", mas que, por estar ele próprio relacionado à união da
razão e
intuição, não pode ser definido, apenas experimentado.
[30] De maneira similar, alguns acadêmicos sugerem que o hinduísmo pode ser visto como uma categoria com seus limites pouco definidos, e não uma entidade rígida e bem-definida. Algumas formas de expressão religiosa são centrais ao hinduísmo, enquanto outras não são tão centrais, porém ainda enquadram-se dentro da categoria; com base nisto desenvolveram-se algumas teorias acerca da definição do hinduísmo, como a 'teoria dos protótipos'.
[31]
Os problemas com uma única definição do que realmente se quer dizer pelo termo 'hinduísmo' frequentemente são atribuídas ao fato de que o hinduísmo não tem um fundador histórico único ou comum. O hinduísmo ou, como alguns dizem, 'hinduísmos', não tem um sistema único de salvação, e apresenta diferentes metas de acordo com a seita ou denominação. As formas da
religião vêdica são vistos não como uma alternativa ao hinduísmo, mas como a sua forma mais antiga, e praticamente não há justificativa para as divisões estabelecidas pela maior parte dos acadêmicos ocidentais entre o
vedismo, o
bramanismo e o próprio hinduísmo.
[32]
Uma possível definição de hinduísmo é ainda mais complicada pelo uso frequente do termo "
fé" como sinônimo para "
religião".
[18] Alguns acadêmicos
[33] e diversos praticantes se referem ao hinduísmo com uma definição nativa, como '
Sanātana Dharma', uma frase em
sânscrito que significa "a eterna
lei" ou "eterno caminho".
[2][34]
Crenças
O hinduísmo é uma corrente religiosa que evoluiu organicamente através dum grande território marcado por uma diversidade
étnica e
cultural significativa. Esta corrente evoluiu tanto através da inovação interior quanto pela assimilação de tradições ou cultos externos ao próprio hinduísmo. O resultado foi uma variedade enorme de tradições religiosas, que vai de cultos pequenos e pouco sofisticados os principais movimentos da religião, que contam com milhões de aderentes espalhados por todo o subcontinente indiano e outras regiões do mundo. A identificação do hinduísmo como uma religião independente, separada do
budismo e do
jainismo, depende muitas vezes da afirmação dos próprios fiéis de que ela o é.
[35]
Temas proeminentes nas (porém não restritos às) crenças hinduístas incluem o
darma (
dharma,
ética hindu),
samsara (
samsāra, o contínuo ciclo do nascimento, morte e renascimento),
carma (
karma, ação e consequente reação),
mocsa (
moksha, libertação do
samsara), e as diversas
iogas (caminhos ou práticas).
Conceito de Deus
O hinduísmo é um sistema diversificado de pensamento, com crenças que abrangem o
monoteísmo,
politeísmo,
[36] panenteísmo,
panteísmo,
monismo e
ateísmo, e o seu conceito de Deus é complexo, e está vinculado a cada uma das suas tradições e filosofias. Por vezes é tido como uma religião
henoteísta (isto é, que envolve a devoção a um único deus, embora aceite a existência de outros), porém o termo é visto, da mesma maneira que os outros, como uma generalização excessiva.
[37]
A maior parte dos hindus acredita que o
espírito ou a
alma - o "eu" verdadeiro de cada pessoa, chamado de
ātman — é eterno.
[38] De acordo com as teologias monistas/panteístas do hinduísmo (tais como a escola
Advaita Vedanta), este
Atman não pode ser distinguido, em última instância, do
Brâman, o espírito supremo; estas escolas são, portanto, chamadas de
não-dualistas.
[39] A meta da vida, de acordo com a escola Advaita, é chegar à conclusão que o seu
ātman é idêntico ao Brâman, a alma suprema.
[40] Os
Upanixades afirmam que quem que tome consciência do
ātman como o âmago de si próprio estabelece uma identidade com Brâman, atingindo assim o
moksha ("liberação" ou "liberdade").
[38][41]
Escolas
dualísticas (Ver
Dvaita e
Bhakti) compreendem Brâman como um Ser Supremo que possui personalidade, e o/a veneram como
Vishnu,
Brahma,
shiva ou
Shakti, dependendo da seita. O
ātman é dependente de Deus, enquanto o
moksha depende do amor a Deus e da graça de Deus.
[42] Quando Deus é visto como um ser supremo pessoal (em lugar do princípio infinito), Deus é chamado de
Ishvara ("O Senhor"
[43]),
Bhagavan ("O Auspicioso"
[43]) ou
Parameshwara ("O Senhor Supremo"
[43]).
[39] As interpretações de
Ishvara variam, no entanto, da não-crença no
Ishvara dos seguidores do
Mimamsakas, até a sua identificação com Brâman, pelo Advaita.
[39] Na maior parte das tradições do
vishnuísmo Deus é Vishnu, e o texto das escrituras desta denominação identifica este Ser como
Krishna, por vezes chamado de
svayam bhagavan. Também existem escolas, como o
Samkhya, que têm tendências
ateias.
[44]
Devas e avatares
As escrituras hindus se referem a entidades celestiais chamadas
devas (ou
devī, na sua forma feminina;
devatā é usado como sinônimo de
Deva em
hindi), "os brilhantes", que pode ser traduzido como "deuses" ou "seres celestiais".
[45] Os
devas são uma parte integrante da cultura hindu, e foram retratados na sua
arte,
arquitetura, e através de
ícones, e histórias
mitológicas sobre eles foram relatadas nas escrituras da religião, particularmente na
poesia épica indiana e nos
Puranas. Frequentemente são, no entanto, dissociados de
Ishvara, um deus pessoal supremo que muitos hindus veneram de uma forma particular, como seu
iṣṭa devatā, ou "ideal escolhido".
[46][47] A escolha é uma questão de preferência individual
[48] e tradições regionais e familiares.
[48]
Os épicos hindus e os Puranas relatam diversos episódios da descida de Deus à Terra em sua forma corpórea para restaurar o
dharma da sociedade e guiar os humanos ao
moksha. Tal encarnação é chamada de
avatar. Os avatares mais são os de
Vishnu, e incluem
Rama (protagonista do
Ramáyana) e
Krishna (figura central do épico
Mahabárata).
Karma e samsara
Karma (
Karma) pode ser traduzido literalmente como "ação", "obra" ou "feito"
[49] e pode ser descrito como a "lei moral de causa e efeito".
[50] De acordo com os
Upanixades um indivíduo, conhecido como o
jiva-atma, desenvolve
samskaras (impressões) a partir das ações, sejam elas físicas ou mentais. O
linga sharira, um corpo mais sutil que o físico, porém menos sutil que a alma, armazena as impressões, e lhes carrega à vida seguinte, estabelecendo uma trajetória única para o indivíduo.
[51] Assim, o conceito de um carma infalível, neutro e universal, relaciona-se intrinsecamente à
reencarnação, assim como à personalidade, característica e família de cada um. O carma une os conceitos de
livre-arbítrio e
destino.
O ciclo de
ação, reação, nascimento, morte e renascimento é um contínuo, chamado de
samsara. A noção de reencarnação e carma é uma premissa forte do pensamento hindu. O
Bagavadguitá afirma que:
“
|
Assim como uma pessoa veste roupas novas e joga fora as roupas antigas e rasgadas, uma alma encarnada entra em novos corpos materiais, abandonando os antigos. (B.G. 2:22) [52]
|
”
|
A
samsara dá prazeres efêmeros, que levam as pessoas a desejarem o renascimento para gozar dos prazeres de um corpo perecível. No entanto, acredita-se que escapar do mundo da
samsara através do
moksha assegura felicidade e paz duradouras.
[53][54] Acredita-se que depois de diversas reencarnações um
atman eventualmente procura a união com o espírito cósmico (Brâman/Paramatman).
A meta final da vida, referida como
moksha,
nirvana ou
samādhi, é compreendida de diversas maneiras diferentes: como uma realização da união de alguém com Deus; como a realização da relação eterna de alguém com Deus; realização da unidade de toda a existência; abnegação total e conhecimento perfeito do próprio Eu; como o alcance de uma paz mental perfeita; e como o desprendimento dos desejos mundanos. Tal realização libera o indivíduo da
samsara e termina com o ciclo de renascimentos.
[55][56]
A conceitualização do
moksha difere entre as várias escolas de pensamento hindu. O
Advaita Vedanta, por exemplo, sustenta que após alcançar o
moksha um
atman não mais identifica a si próprio como um indivíduo, mas sim como sendo idêntico a Brâman em todos os aspectos. Os seguidores das escolas
Dvaita (dualísticas) se identificam como parte de Brâman, e, após atingir o
moksha, esperam passar a eternidade num
loka (céu),
[57] na companhia de sua forma escolhida de
Ishvara. Assim, diz-se os seguidores do
Dvaita desejam "provar o açúcar", enquanto os seguidores do
Advaita querem "se tornar açúcar".
[58]
Objetivos da vida humana
O pensamento hindu clássico aceita os seguintes objetivos da vida humana, conhecidos como os
puruṣārthas ou "quatro objetivos da vida":
dharma "retidão", "
ethikos",
artha "sustento", "riqueza",
kāma "prazer sensual",
mokṣa "liberação", "liberdade" [do
samsara]".
[59][60]
Acredita-se
[quem?] que todos os homens seguem o
kama e o
artha, mas brevemente, com maturidade, eles aprendem a controlar estes desejos com o
dharma, ou a harmonia moral presente em toda a natureza. O objetivo maior seria o infinito, cujo resultado é a absoluta felicidade,
moksha, ou liberação (também conhecida como
mukti,
samadhi,
nirvana, etc.) do
samsara, o ciclo da vida, morte, e da existência dual.
Ioga
Qualquer que seja a maneira na qual o hindu defina a meta de sua vida, existem diversos métodos (
yôgas) que os sábios ensinaram para se atingir aquela meta. Textos dedicados ao
ioga incluem o
Bagavadgitá (
Bhagavad Gita), os
Yôga Sutras, o
Hatha Yôga Pradipika, a
Gheranda Samhita, entre outros, e, como sua base filosófico-histórica, os
Upanixades. Os caminhos que um indivíduo pode seguir para atingir a meta espiritual da vida (
moksha ou
samadhi) incluem:
Bakti-Yoga (
Bhakti Yoga, o caminho do amor e da devoção)
Karma-Yoga (
Karma Yoga, o caminho da ação correta)
Raja-Yoga (
Rāja Yoga, o caminho da meditação)
Um indivíduo pode preferir um ou alguns iogas sobre os outros, de acordo com a sua inclinação e entendimento. Algumas escolas devocionais ensinam que o
bhakti é, para a maior parte das pessoas, a único caminho prático para se alcançar a perfeição espiritual, com base em sua crença de que o mundo atualmente estaria no
Kali Yuga (uma das quatro épocas que formam o ciclo
Yuga).
[62] A prática de um yoga não exclui as outras, e muitos estudiosos acreditam que os diferentes yogas se misturam naturalmente e auxiliam na prática das outros yogas. Por exemplo, acredita-se que a prática da Jñana-Yoga inevitavelmente leve ao amor puro (a meta do bacti-yoga), e vice-versa.
[63] Alguém que pratica a meditação profunda (como no Raja-Yoga) deve incorporar os princípios centrais do Karma-Yoga, do Jñana-Yoga e do Bakti-Yoga, seja direta ou indiretamente.
[61][64]
Práticas
As práticas hinduístas geralmente envolvem a procura da consciência de Deus, e por vezes também a procura de bençãos dos
devas. Assim, o hinduísmo desenvolveu muitas destas práticas como forma de ajudar o indivíduo a pensar na divindade em meio à vida cotidiana. Os hindus podem praticar a
pūjā (culto ou veneração)
[43] tanto em casa como num templo. Em seus próprios lares os hindus frequentemente costumam criar um altar, com ícones dedicados às suas formas escolhidas de Deus. Os templos costumam ser dedicados a uma divindade primária e às divindades subordinadas que lhe são associadas, embora alguns templos sejam dedicados a mais de uma divindade. A visita a templos não é obrigatória,
[65] e muitos os visitam apenas durante os festivais religiosos. Os hindus realizam seu culto através dos
murtis, ícones; o ícone serve como uma ligação tangível entre o fiel e Deus.
[66] A imagem costuma ser considerada uma manifestação de Deus, já que Ele é imanente. O
Padma Purana afirma que o
mūrti não deve ser visto como apenas pedra ou madeira, mas sim como uma forma manifesta da Divindade.
[67] Algumas seitas hindus, como o
Ārya Samāj, não acreditam em venerar Deus através de ícones.
O hinduísmo possui um sistema desenvolvido de
simbolismo e
iconografia para representar o sagrado na
arte,
arquitetura,
literatura e em seu culto. Estes símbolos ganham seu significado das escrituras, mitologia ou tradições culturais. A
sílaba Om (que representa o
Parabrahman) e o sinal da
suástica (que simboliza auspiciosidade) acabaram passando a representar o próprio hinduísmo, enquanto outros símbolos, como a
tilaka, identificam um seguidor da fé. O hinduísmo ainda apresenta diversos símbolos que são costumeiramente associados a divindades específicas, como o
lótus,
chakra e
veena.
Os
mantras são invocações, louvores e orações que, através de seu significado, som e estilo de canto, ajudam um devoto a focar a sua mente nos pensamentos sagrados ou exprimir devoção a Deus ou às divindades. Muitos devotos realizam abluções matinais às margens de um rio sagrado, enquanto cantam o
Gayatri Mantra ou os mantras
Mahamrityunjaya. O poema épico
Maabárata exalta o
japa (canto ritualístico) como o maior dever durante o
Kali Yuga (que os hindus acreditam ser a era presente), e muitos adotam o
japa como sua prática espiritual primordial.
[carece de fontes]
Escrituras
O hinduísmo se baseia no "tesouro acumulado de leis espirituais descobertas por diferentes pessoas em diferentes tempos."
[73][74] As escrituras foram transmitidas oralmente, na forma de versos - para auxiliar na sua memorização, muitos séculos antes de serem escritos.
[75] Ao longo dos séculos diversos sábios refinaram estes ensinamentos e expandiram o cânone. Na crença hindu pós-védica e moderna a maior parte das escrituras não costuma ser interpretadas literalmente; dá-se mais importância aos significados éticos e metafóricos derivados deles.
[76] A maior parte dos textos sagrados está em
sânscrito, e os textos se dividem em duas classes:
Shruti e
Smriti.
Shruti
Shruti (lit: "aquilo que é ouvido")
[77] refere-se primordialmente aos
Vedas, que compõem o mais antigo registro das escrituras hindus. Enquanto muitos hindus veneram os
Vedas como verdades eternas reveladas aos antigos sábios (
Ṛṣis),
[74] alguns devotos não associam a criação deles com qualquer divindade ou pessoa, acreditando serem leis do mundo espiritual, que existiriam mesmo se não tivessem sido reveladas aos sábios.
[73][78][79] Os hindus acreditam que, como as verdades espirituais dos
Vedas são eternas, eles estão sendo expressos continuamente, de diferentes maneiras.
[80]
Existem quatro
Vedas (chamados
Ṛg-, Sāma-, Yajus- e
Atharva-). O
Rig Veda é o primeiro e mais importante dos
Vedas.
[81] Cada
Veda se divide em quatro partes: a primeira, o
Veda propriamente dito, é o
Saṃhitā, que contém
mantras sagrados. As outras três partes formam um conjunto em três camadas de comentários, costumeiramente em
prosa, tidos como feitos numa data um pouco posterior ao
Saṃhitā. São os
Brâmanas (
Brāhmaṇas),
Āraṇyakas e os
Upanixades. As primeiras duas partes foram chamadas posteriormente de
Karmakāṇḍa (parte ritualística), enquanto as últimas duas formam a
Jñānakāṇḍa (parte do conhecimento).
[82] Embora os
Vedas tenham como foco os rituais, os
Upanixades se concentram numa abordagem espiritual e em ensinamentos filosóficos, discutindo
Brâman e a
reencarnação.
[76][83][84]
Smritis
Textos hindus além dos
shrutis são chamados coletivamente de
smritis ("memória"). Os mais célebres dentre os
smritis são os
poemas épicos, que consistem do
Maabárata (
Mahābhārata) e do
Ramáiana (
Rāmāyaṇa). O
Bagavadguitá (
Bhagavad Gītā), parte integral do
Maabárata, e um dos mais populares textos sacros do hinduísmo, contém ensinamentos
filosóficos de Krishna, uma encarnação de Vishnu, narradas ao príncipe
Arjuna às vésperas de uma grande guerra. O
Bhagavad Gītā, narrado por Krishna, é descrito como a essência dos
Vedas.
[85] O
Gītā, no entanto, por vezes também chamado de
Gitopanishad ("Guitopanixade"), costuma ser categorizado com maior frequência entre os
shrutis, por ter um conteúdo de natureza upanixádica.
[86] Os
smritis também incluem os
Puranas (
Purāṇas), que ilustram ideias hindus através de narrativas vívidas. Também existem textos de natureza sectária, como o
Devi Mahatmya (
Devī Mahātmya), os
Tantras, os
Yoga Sutras,
Tirumantiram,
Shiva Sutras e
Agamas (
Āgamas). Um texto mais controverso, o
Manusmriti, é o livro de
leis que epitomiza os códigos sociais do
sistema de castas.
[carece de fontes]
História
Os principais épicos em
sânscrito, o
Ramáiana e o
Maabárata, foram compilados durante um período extenso que abrangeu os últimos séculos antes de Cristo, e os primeiros da Era Comum, e contêm histórias mitológicas sobre os governantes e as guerras da
antiga Índia, intercaladas com tratados religiosos e filosóficos. Os
Puranas posteriores recontam histórias sobre os
devas e devis, suas interações com os humanos e suas batalhas contra
demônios (
rakshasas).
Origens históricas e aspectos sociais
Pouco é conhecido sobre a origem do hinduísmo, já que sua existência antecede os
registros históricos. É dito que o Hinduísmo deriva das crenças dos
arianos, que residiam nos continentes sub-indianos, ('nobres' seguidores dos Vedas),
dravidianos, e
harapanos. Alguns dizem que o hinduísmo nasceu com o budismo e o jainismo, mas
Heinrich Zimmer e outros indólogos afirmam que o jainismo é muito anterior ao hinduísmo, e que o budismo deriva deste e do
Sankhya que em consequência afetaram o desenvolvimento de sua religião mãe. Diversas são as ideias sobre as origens dos Vedas e a compreensão se os arianos eram ou não nativos ou estrangeiros na Índia. A existência do Hinduísmo data de 4000 a 6000 mil anos a.C..
Historicamente, a palavra
hindu antecede o hinduísmo como religião; o termo é de origem
persa e primeiramente referia-se ao povo que residia no outro lado (do ponto de vista persa) do
Sindhu ou
rio Indo. Foi utilizado para expressar não somente a etnicidade mas a religião védica desde o
século XV e
XVI, por personalidades como
Guru Nanak (fundador do
sikhismo). Durante o
Império Britânico, a utilização do termo tornou-se comum, e eventualmente, a religião dos hindus védicos foi denominada "hinduísmo". Na verdade, foi meramente uma nova vestimenta para uma cultura que vinha prosperando desde a mais remota Antiguidade.
Distribuição geográfica atual
Filosofia hindu: as seis escolas védicas de pensamento
As seis escolas filosóficas ortodoxas hindu (
Astika, que aceitam a autoridade dos Vedas) são
Nyaya,
Vaisheshika,
Sankhya,
Yoga,
Purva Mimamsa - também denominadas
Mimamsa -,
Uttara Mimamsa e
Vedanta. As escolas não-védicas são denominadas
Nastika, ou heterodoxas, e referem-se ao budismo, jainismo e
Lokayata. As escolas que continuam a influenciar o hinduísmo hoje são
Purva Mimamsa,
Yoga, e
Vedanta.
Purva Mimamsa
O principal objetivo do
Purva ("cedo") ou da escola Mimamsa era estabelecer a autoridade dos
Vedas. Consequentemente a valiosa contribuição desta escola ao Hinduísmo foi a formulação das regras da interpretação Védica. Seus aderentes acreditavam que a revelação deveria ser provada através da razão, e não aceita como um dogma cego. Este método empírico e eminentemente sensível de aplicação religiosa é a chave para
Sanatana Dharma e foi especialmente desenvolvido por racionalistas como
Sankaracharya e
Swami Vivekananda. Para aprofundar-se mais neste tema veja Purva Mimamsa.
Ioga
O sistema do
Yoga (ioga, em
português) é geralmente considerado como tendo surgido a partir da filosofia
Sankhya. Entretanto o
yoga referido aqui, é especialmente o
Raja Yoga (ou união através da meditação). E é baseada em um texto (que exerceu grande influência) de
Patandjali intitulado
Yoga Sutras, e é essencialmente uma compilação e sistematização da filosofia do Yoga meditacional. Os Upanixades e o Bhagavad Gita também são textos indispensáveis ao estudo da ioga.
A filosofia
Sámkhya é anterior ao bramanismo, filosofia que deu origem ao hinduísmo, como coloca o indólogo
Heinrich Zimmer em seu clássico
Filosofias da Índia. Patandjali, monge do sul da Índia, onde até hoje a tradição
tamil preserva elementos das filosofias pré-védicas, tinha formação no sistema
Saámkhya-yoga, indissociável. O
Sámkhya foi compilado bem antes de Patandjali (que viveu no
século II a.C., por
Kapila, que viveu pouco tempo antes de
Buda. Uma diferença importante entre o
Sámkhya e o bramanismo é que o primeiro é
dualista, e o segundo
monista, mas ambos vêem o espírito, ou Deus, como imanente e transcendente ao mesmo tempo.
A diferença mais significante do
Sámkhya é que a escola de
yoga não somente incorpora o conceito do
Ishvara (ou "Deus pessoal") numa visão do mundo metafísica mas também sustenta
Ishvara como um ideal sobre o qual meditar. A razão é que
Ishvara é o único aspecto de
purusha (do infinito Terreno Divino) que não foi mesclado com
prakrti (forças criativas temporárias). Também utiliza as terminologias
Brahman/Atman e conceitos profundos dos Upanixades, adotando uma visão vedântica monista. A realização do objetivo do ioga é conhecido como
moksha ou
samadhi. E como nos Upanixades, busca o despertar ou a compreensão de
Atman como sendo nada mais que o infinito brâmane, através da (mente) ética, (corpo) físico e meditação (alma), o único alvo de suas práticas é a "verdade suprema".
Uttara Mimamsa: As Três Escolas de Vedanta
A Escola
Uttara ("tarde")
Mimamsa é talvez a pedra angular dos movimentos do hinduísmo, e certamente foi responsável por uma nova onda de investigação filosófica e meditativa, renovação da fé, e reformas culturais. Primeiramente associada com os Upanixades e seus comentários por
Badarayana, e
Vedanta Sutra, o pensamento vedanta dividiu-se em três grupos, iniciados pelo pensamento e escrita de
Sankaracharya. A maioria da atual filosofia hindu, está relacionada a mudanças que foram influenciadas pelo pensamento vedanta, o qual é focalizado na meditação, moralidade e centralização no Eu uno ao invés de rituais ou distinções sociais como as
castas.
Puro monismo: Advaita Vedanta
Advaita literalmente significa "não dois"; isto é o que referimos como
monoteístico, ou sistema não-dualístico, que enfatiza a unidade. Seu consolidador foi Shankaracharya (
788-
820). Shankara expôs suas teorias baseadas amplamente nos ensinamentos dos Upanixades e de seu
guru Gaudapada. Através da análise da consciência experimental, ele expôs a natureza relativa do mundo e estabeleceu a realidade não dual ou Brahman no qual
Atman (a alma individual) ou
Brahman (a realidade última) são absolutamente identificadas. Não é meramente uma filosofia, mas um sistema consciente de éticas aplicadas e meditação, direcionadas a obténção da paz e compreensão da verdade. Sankaracharya acusou as
castas e rituais como tolos, e em sua própria maneira carismática, suplicou aos verdadeiros devotos a meditarem no amor de Deus e alcançarem a verdade.
[editar] Monismo qualificado: Vishistadvaita Vedanta
Ramanuja (
1040 -
1137) foi o principal proponente do conceito de
Sriman Narayana como
Brahman o supremo. Ele ensinou que a realidade última possui três aspectos:
Ishvara (
Vixnu),
cit ("
alma") e
acit ("
matéria"). Vixnu é a única realidade independente, enquanto alma e material são dependentes de Deus para sua existência. Devido a esta qualificação da realidade última, o sistema de Ramanuja é conhecido como não dualístico.
[editar] Dualismo: Dvaita Vedanta
Madhva (
1199 -
1278) identificou deus com Vishnu, mas a sua visão da realidade era puramente dualista, pois ele compreendeu uma diferenciação fundamental entre o Deus supremo e a alma individual, e o sistema consequentemente foi denominado
Dvaita (dualístico) Vedanta.
Culturas Alternativas de Adoração
As Escolas Bhakti
A Escola Devocional
Bhakti tem seu nome derivado do termo hindu que evoca a ideia de "amor prazeroso, abnegado e estupefante de Deus como Pai, Mãe, Filho Amados", ou qualquer outra forma de relacionamento que encontre apelo no coração do devoto. A filosofia de
Bhakti procura usufruto pleno da divindade universal através da forma pessoal, o que explica a proliferação de tantas divindades na Índia, frequentemente refletindo as inclinações particulares de pequenas áreas ou grupos de pessoas. Vista como uma forma de Yoga ou união, ele preconiza a necessidade de se dissolver o
ego em Deus, na medida em que a consciência do corpo e a mente limitada, como individualidade, seriam fatores contrários à realização espiritual. Essencialmente, é Deus que promove toda mudança, que é a fonte de todos os trabalhos, que a idade através do amor e da luz. 'Sins' e mal - fazendo da devoto são mencionado cair embora da sua próprio acorde , o entusiasta enrugar limitedness já transcendido , através do amor de Deus. Os movimentos
Bhakti rejuvenesceram o Hinduísmo ao longo da sua intensa expressão de fé e receptividade às necessidades emocionais e filosóficas da Índia. Pode-se dizer corretamente que influenciaram a maior onda de mudança em orações e rituais hindus desde tempos remotos.
A mais popular forma de expressão de amor a Deus na tradição hindu é através do
puja, ou ritual de devoção, frequentemente utilizando o auxílio de
murti (estátua) juntamente com canções ou recitação de orações meditacionais em forma de
mantras. Canções devocionais denominadas
bhajan (escritas primeiramente nos séculos XIV-XVII),
kirtan (elogio), e
arti (uma forma filtrada do ritual de fogo Védico) são algumas vezes cantados juntamente com a realização do
puja. Este sistema orgânico de devoção tenta auxiliar o indivíduo a conectar-se com Deus através de meios simbólicos. Entretanto, é dito que
bhakta, através de uma crescente conexão com Deus, é eventualmente capaz de evitar todas as formas externas e é inteiramente imerso na bênção do indiferenciado amor a Verdade.
Tantrismo
A palavra
tantra significa "tratado" ou "série continua", e é aplicada a uma variedade de trabalhos místicos, ocultos, médicos e científicos bem como aqueles que agora nos consideramos como "tântricos". A maioria dos
tantras foram escritos no final da
Idade Média e surgiram da cosmologia hindu.
[editar] Temas e simbolismos importantes no hinduismo
Ahimsa e as vacas
É vital uma nota sobre o elemento
ahimsa no hinduísmo para compreender a sociedade que se formou à volta de alguns dos seus princípios. Enquanto o jainismo, à medida que era praticado, era certamente uma grande influência sobre a sociedade indiana - que dizer da sua exortação do
veganismo e da não-violência como
ahimsa - o termo primeiro apareceu nos Upanixades. Assim, uma influência internamente enraizada e externamente motivada levou ao desenvolvimento de uma grande quantidade de hindus que acabaram por abraçar o
vegetarianismo numa tentativa de respeitar formas superiores de vida, restringindo a sua dieta a plantas e vegetais. Cerca de 30% da população hindu actual, especialmente em comunidades ortodoxas no sul da Índia, em alguns estados do norte como o
Guzerate e em vários enclaves brâmanes à volta do subcontinente, é vegetariana. Portanto, enquanto o vegetarianismo não é um dogma, é recomendado como sendo um estilo de vida
sátvico (purificador).
Os hindus abstêm-se predominantemente de
carne, e alguns até vão tão longe quanto evitar produtos de pele. Isto acontece provavelmente porque o largamente pastoral povo Védico e as subsequentes gerações de hindus ao longo dos séculos dependiam tanto da
vaca para todo o tipo de produtos lácteos, aragem dos campos e combustível para fertilizante, que o seu estatuto de "cuidadora" espontânea da humanidade cresceu ao ponto de ser identificada como uma figura quase maternal. Assim, enquanto a maioria dos hindus não adora a vaca, e as instruções escriturais contra o consumo de carne surgiram muito depois dos Vedas terem sido escritos, esta ainda ocupa um lugar de honra na sociedade hindu. Diz-se que
Krishna é tanto
Govinda (pastor de vacas) como
Gopala (protector de vacas), e que o assistente de Xiva é
Nandi, o touro. Com a força no vegetarianismo (que é habitualmente seguido em dias religiosos ou ocasiões especiais até por hindus comedores de carne) e a natureza sagrada da vaca, não admira que a maior parte das cidades santas e áreas na Índia tenham uma proibição sobre a venda de produtos de carne e haja um movimento entre os Hindus para banir a matança de vacas não só em regiões específicas como em toda a Índia.
Formas de Adoração: murtis e mantras
Contrário a crença popular, o hinduísmo prático não é
politeístico nem estritamente
monoteístico. A variedade de deuses e
avatares que são adorados pelos hindus são compreendidos como diferentes formas da Verdade Única, algumas vezes vistos como mais do que um mero Deus e um último terreno Divino (Brahman), relacionado mas não limitado ao
monismo, ou um princípio monoteístico como Vixnu ou Xiva.
Acreditando na origem única como sem forma (
nirguna brahman, sem atributos) ou como um Deus pessoal (
saguna Brahman, com atributos), os Hindus compreendem que a verdade única pode ser vista de forma variada por pessoas diferentes. O Hinduísmo encoraja seus devotos a descreverem e desenvolverem um relacionamento pessoal com sua deidade pessoal escolhida (
ishta devata) na forma de Deus ou Deusa.
Enquanto alguns censos sustentam que os adoradores de uma forma ou outra de Vishnu (conhecido como
Vaishnavs) são 80% dos Hindus e aqueles de Shiva (chamados
Shaivaites) e Shakti compõem o restante dos 20%, tais estatísticas provavelmente são enganadoras. A maioria dos Hindus adora muitos deuses como expressões variadas do mesmo prisma da Verdade. Entre os mais populares estão Vishnu (como Krishna ou
Rama), Shiva,
Devi (a Mãe de muitas deidades femininas, como
Lakshmi,
Sarasvati,
Kali e
Durga),
Ganesha,
Skanda e
Hanuman.
A adoração das deidades é geralmente expressa através de fotografias ou imagens (
murti) que são ditas não serem o próprio Deus mas condutos para a consciência dos devotos, marcas para a alma humana que significam a inefável e ilimitada natureza do amor e grandiosidade de Deus. Eles são símbolos do princípio maior, representado mas nunca presumido ser o conceito da própria entidade. Consequentemente, a maneira hindu de adoração de imagens as toma apenas como
símbolos da divindade, opostos à
idolatria, geralmente imposta (erroneamente) aos hindus.
Mantra
Recitação e
mantras originaram-se no hinduismo e são técnicas fundamentais praticadas até os dias de hoje. Muito da chamada
Mantra Yoga, é realizada através de
japa ("repetições"). Dizem que os
mantras, através de seus significados, sons e recitação melódica, auxiliam o
sadhaka (aquele que prática) na obtenção de concentração durante a meditação. Eles também são utilizados como uma expressão de amor a deidade, uma outra faceta da
Bhakti Yoga necessária para a compreensão de
murti. Frequentemente eles oferecem coragem em momentos difíceis e são utilizados para a obtenção de auxílio ou para 'invocar' a força espiritual interior. As ultimas palavras de
Mahatma Gandhi enquanto morria foi um mantra ao Senhor Rama: "Hey Ram!"
O mais representativo de todos os
mantras Hindu é o famoso
Gayatri Mantra:
Aum bhūrbhuvasvah | tat savitūrvareṇyam | bhargo devasya dhīmahi | dhiyo yo naha pracodayāt
Significa, literalmente: "Om! Terra, Universo, Galáxias (invocação aos três mundos). Que nós alcancemos a excelente glória de Savitr, o Deus. Que ele estimule os nossos pensamentos/meditações."
O
mantra Gayatri é considerado o mais universal de todos os
mantras hindus, e invoca o
Brâman universal como um princípio de conhecimento e iluminação do sol primordial, mas somente em seu aspecto feminino. Muitos hindus até os dias de hoje, seguindo uma tradição que permanece viva por pelo menos 5.000 anos, realizam abluções matinais às margens do rio sagrado (especialmente do
rio Ganges. Conhecido como um
mantra sagrado, é reverenciado como sendo a forma mais condensada do "Conhecimento Divino" (
Veda). E governado pelo princípio,
Ma ("Mãe")
Gayatri, também conhecido como
Veda Mata ("mãe dos Vedas") e intimamente associado à deusa do aprendizado e iluminação,
Sarasvati.
O maior objetivo da religião védica é alcançar moksha, ou liberação, através da constante dedicação a
Satya (Verdade) e uma eventual realização de
Atman (Alma Universal). Não importa se atingido através de meditação ou puro amor, este objetivo universal é alcançado por todos. Deve ser observado que o Hinduísmo é uma fé prática, e é incorporado em cada aspecto da vida. Acredita igualmente no temporal e no infinito, e somente encoraja perspectivas destes principios. Os grandes
rishis (sábios, considerados espécies de santos hindus) e também denominados como
samsárico (aquele que vive no
samsara, i.e. plano temporal ou terrestre) aquele que segue um meio de vida honesto e amável (
dhármico) é um
jivanmukta (alma vivente liberta). As verdades fundamentais do hinduísmo são melhores compreendidas na frase dos Upanixades,
Tat Twam Asi (Assim És Tu), e na última aspiração como segue:
Aum Asato ma sad gamaya, tamaso ma jyotir gamaya, mrityor ma aamritaam gamaya
"Aum Conduza-me da ignorância para a verdade, das trevas para a luz, da morte para a imortalidade."
Vedas
Os Vedas são os textos mais antigos do hinduísmo, e também influenciaram o budismo, o jainismo e o sikhismo. Os Vedas contêm hinos, encantamentos e rituais da Índia antiga. Juntamente com o
Livro dos Mortos, com o
Enuma Elish,
I Ching e o
Avesta, eles estão entre os mais antigos textos religiosos existentes. Além de seu valor espiritual, eles também oferecem uma visão única da vida cotidiana na Índia antiga. Enquanto a maioria dos hindus provavelmente nunca leram os Vedas, a reverência por mais uma noção abstrata de conhecimento (
Veda significa "conhecimento" em
sânscrito) está profundamente impregnada no coração daqueles que seguem o
Veda Dharma.
Existem quatro Vedas:
existe religiões dogmas cultos e doutrinas…
Upanixades
Os
Upanixades são denominados
Vedanta, porque eles contêm uma exposição da essência espiritual dos Vedas. Entretanto é importante observar que os Upanixades são textos e Vedanta é uma
filosofia. A palavra
Upanishad significa "sentar-se próximo ou perto", pois os estudantes costumavam sentar-se no solo, próximos a seus mestres.
Os Upanixades organizaram mais precisamente a doutrina védica de auto-realização,
yoga, e
meditação,
karma e
reencarnação, que eram veladas no simbolismo da antiga religião de mistérios. Os mais antigos Upanixades são geralmente associados a um Veda em particular, através da exposição de uma
brâmana ou
Aranyaka, enquanto os mais recentes não.
Formando o coração da Vedanta (
Final dos Vedas), eles contêm a técnica de adoração aos deuses védicos e capturam a essência do dito do
Rig Veda "A Verdade é Uma". Eles colocam a filosofia hindu separada e acolhendo uma única e transcendente força imanente e inata na alma de cada ser humano, identificando o
microcosmo e o
macrocosmo como Um. Podemos dizer que enquanto o hinduísmo primitivo é fundamentado nos quatro Vedas, o Hinduísmo Clássico, a Ioga e Vedanta, e correntes tântricas do
Bhakti foram modelados com base nos Upanixades.
Puranas - Smriti
Os
Puranas são considerados
smriti; ensinamentos não escritos passados oralmente de uma geração a outra. Eles são distintos dos
shrutis ou ensinamentos em escritos tradicionais. Existem um total de 18 Puranas maiores, todos escritos em forma de versos. E dito que estes textos foram escritos muito anteriormente ao
Ramáiana e ao
Maabárata.
Acredita-se que o mais antigo Purana provém de cerca de
300 a.C., e os mais recentes de
1300-
1400 d.C. Apesar de terem sido compostos em diferente períodos, todos os Puranas parecem ter sido revisados. Tal fato pode ser notado no fato de que todos eles comentam que o número de
Puranas é 18. Os Puranas variam muito: o
Skanda Purana é o mais longo com 81.000 versos, enquanto o
Brahma Purana e o
Vamana Purana são os mais curtos com 10.000 versos cada. O número total de versos em todos os 18
Puranas é 400.000.
As Leis de Manu
Manu é o homem lendário, o
Adão dos hindus. As leis de Manu são uma coleção de textos atribuídos a ele.
Bhagavad Gita
A
Bhagavad Gita (Bagavadguitá em
português) é considerado parte do
Maabárata (escrito em
400 ou
300 a.C.), é um texto central do hinduísmo, um diálogo filosófico entre o deus
Krishna e o guerreiro
Arjuna. Este é um dos mais populares e acessíveis textos do hinduísmo, e é de essencial importância para a religião. O
Gita discute altruísmo, dever, devoção, meditação, integrando diferentes partes da filosofia hindu.
[editar] O Ramayana e o Mahabarata
O
Ramayana é atribuído ao poeta
Valmiki, e foi escrito no
primeiro século d.C., apesar de ser baseado em tradições orais que datam de seis ou sete séculos a.C..
- O Ψ O -